terça-feira, 13 de outubro de 2009

Maratona de Filmes Parte III

04/10 - Depois de O Hospedeiro e O bom, o mau e o feio - este da última edição do Festival -, assistir a um filme coreano é fichinha, assim pensei quando fui ver Sede de sangue (Bakjwi, Coreia do Sul, 2009), do mesmo diretor de Oldboy. O título é tosco, tudo bem, mas você deve se preparar para ver tosquices hilárias por mais de duas horas de filme (aliás, por que tão grande?). O ator mais popular do país - acho que ele faz todos os filmes produzidos lá, não é possível -, Kang-ho Song, interpreta um carismático padre que se submete a uma experiência que visa descobrir a cura para um curioso vírus. Apesar de a experiência fracassar, o padre sai vivo, mas com perturbadores efeitos colaterais: não pode expor a pele ao sol, se sente mais forte e tem sede de sangue. Após uma série de peripécias, convencido de que se transformou num vampiro, apaixona-se pela esposa fogosa de um amigo de infância bobalhão. Enquanto ele quer evitar matar pessoas inocentes para conseguir alimento, Tae-joo diverte-se com a situação de desespero e depravação. O filme é muito bom caso você goste de uma história regada a sangue e tosquices à moda coreana. Os atores, assim como todos do lado oriental do mundo, expressam-se exageradamente para dar ao filme um ar ainda mais hilário. Pretende-se um filme de terror cult, mas, assim como o excelente O Hospedeiro, não passa de um filme de terror trash bem pipoca.

06/10 - Filmes de guerra sempre foram um filão na cinematografia norte-americana. De Sem novidades no front (1930), passando sem dúvida pelos norte-americanos ...E o vento levou (1939), A ponte do rio Kwai (1957), Apocalypse now (1979), Platoon (1986) e A lista de Schindler (1993), pelo italiano A vida é bela (1998) e pelo bósnio Terra de ninguém (2001), a O resgate do soldado Ryan, as principais guerras pelas quais o mundo foi obrigado a presenciar foram muito bem representadas. Primeira Guerra, Segunda Guerra, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo... Não há mundo sem guerra e não há guerra sem mundo (como disse alguém aí que eu não lembro). E a Guerra do Iraque, e suas tentativas de desmoralização, é a bola da vez.


Assim como não há mundo sem guerra, não há guerra sem baixas. The Messenger trata particularmente disso: das mortes num mundo exterior, o mundo daqueles que permanecem vivos, do ponto de vista de dois soldados que são encarregados de dar a triste notícia às famílias. Woody Harrelson e Ben Foster vivem os mensageiros capitão Stone e sargento Montgomery, que devem seguir as rígidas regras de conduta enquanto a informação é transmitida - esperar apenas cinco minutos se o parente mais próximo não estiver presente, não tocar os familiares, não reagir violentamente, repetir exatamente o mesmo texto, não demonstrar emoção etc. Montgomery conhece a tragédia da guerra, já esteve lá e volta aos Estados Unidos como um herói, recebendo então a incumbência de se juntar a Stone. Acaba se envolvendo proibidamente com a viúva de um dos soldados a quem eles vão dar o recado.

The Messenger, do mesmo roteirista de Não estou lá, o filme sobre Bob Dylan, participou do Festival de Sundance e do Festival de Berlim e pode ser visto como um tipo de filme-denúncia: trata principalmente do orgulho do Exército americano de abordar a forma de lidar com a morte para com as famílias. Trata, sobretudo, das consequências terríveis que uma guerra inventada criou para os jovens soldados que agora retornam.

Continua...

Um comentário:

  1. Bem, Midori... esse coreano foi o único que você viu sem mim... e pela sua descrição acho que fiz bem em não ir... hahahahaha...

    Jà The Messenger é um filme que aborda um ponto muito curioso da guerra. O Resgate do Soldado Ryan tem um pouco desse lado, mas The Messenger é muito original mesmo.

    Supostamente, o exército manda um oficial à casa da família porque se importa com a vítima e com o bem-estar das pessoas. Mas o procedimento é robótico, impessoal, frio. Eles simplesmente chegam às casas das pessoas e dão a notícia completando lacunas. "O soldado ..... morreu dia .... na cidade de.... no Iraque". O filme tem um humor ácido, situações dramáticas, curiosas, causa uma mistura de emoções em quem assiste. Muito bom.

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