domingo, 22 de novembro de 2009

Dia do zumbi

E aí, como foram de feriadão? Feriado é bom, né? Principalmente quando cai numa sexta-feira e o fim de semana é antecipado: menos um dia de trabalho, de estudos, de acordar cedo, de aturar ônibus cheio, um calor desgraçado, gente suada. Mais um dia para o nosso descanso, muito merecido.

Mas não entendo até hoje a criação desse feriado da Consciência Negra, dia 20 de novembro. Não digo que seja desnecessário - nem necessário, porque o que o Brasil mais tem é feriado -, e não digo isso por causa do descanso. Acho importante sim um dia em homenagem aos negros, que tanto fizeram e fazem parte da História do país, além de importantes para a construção da identidade do povo e da cultura brasileira. O que não entendo é o dia da Consciência Negra ser exatamente no dia 20 de novembro.

A data foi concebida pelo projeto de lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, por ser o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, o líder do Quilombo de Palmares e principal representante da luta do negro contra a escravidão que morreu no ano de 1695, em combate. Desde então é tido como um herói nacional.

Mas há algum tempo li em alguma publicação - acho que foi a revista Superinteressante - ter sido provado pelos historiadores e estudiosos do assunto que toda esta história é uma farsa. Zumbi pode ter sido sim um grande líder, mas diz-se que era carrasco, maltratava os companheiros e que a história da traição de um antigo parceiro, Antônio Soares, que culminou em uma emboscada para capturá-lo e matá-lo não passa de lenda para inflar ainda mais seu martírio. Pelo que contam ele foi casado com uma branca e teve cinco filhos. Devido à sua importância, teve o status de rei entre os negros que o cultuavam como a um deus e por causa disso ele chegou a ter escravos. Como assim?

O Quilombo dos Palmares era uma comunidade autossustentável formado por escravos fugidos das fazendas. Ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal (!) e era ocupado por aproximadamente 30 mil pessoas. Zumbi nasceu livre, mas foi capturado por um missionário português aos 6 anos que o batizou de Francisco. Aos 15 anos ele fugiu, e dez anos mais tarde já tomava as decisões do Quilombo contra determinações portuguesas e desafiava o então líder de Palmares, Ganga Zumba. Com o argumento de que não era justo que os quilombolas fossem libertados e os outros negros continuassem escravos, prometeu liderar a rebelião e resistir contra a Coroa.

No entanto, alguns autores defendem a ideia de que os escravos que se recusavam a ir para o Quilombo eram capturados e convertidos em cativos. Ou seja, eram escravos de escravos. A Luta de Palmares não seria uma revolta contra a escravidão como um todo, mas uma recusa da própria. Que consciência é essa?

***
Ah, hoje é feriado em Niterói - dia de Arariboia, um índio. Só para efeito de curiosidade: Arariboia é tido como um representante da cidade do outro lado da ponte, como muita gente sabe - ele tem até uma estátua em frente à estação das barcas -, mas, na verdade, o dito cujo nasceu aqui, na Ilha do Governador - pra dizer mais a verdade ainda, aqui do lado da minha casa (rs). Ele lutou ao lado dos portugueses contra os franceses de Villegaignon e, por causa dessa atitude heroica, Mem de Sá (o governador do nome da Ilha) lhe deu uns lotes de terra onde? Em Niterói, para onde ele se mudou com sua família. ;D

Um comentário:

  1. O Brasil não teve problemas raciais desde o fim da escravidão. Esses feriados, políticas de cotas et cetera vão acabar criando ressentimentos onde não existiam.

    Acho que esse feriado é um absurdo. Como Tiradentes, por exemplo. Outros absurdos são os feriados religiosos, como Nossa Senhora, Corpus Cristi, São Jorge. Não está na Constituição que o Brasil é um Estado laico?

    Beijim.

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