Sim, eu sei que estou beeeem atrasada. Tenho várias postagens aqui engatilhadas, mas, cara, não tenho tempo de terminar de escrevê-las. Tempo é uma coisa preciosa pra mim - e silêncio também - e ultimamente tenho investido nele com muito trabalho... e algumas sessõezinhas de cinema porque também sou filha de Deus.
Então, depois deste último dia de repescagem do Festival do Rio - que teve início no dia 25 de setembro e terminou em 8 de outubro - que resolvi parar um pouco com tudo e falar dos filmes a que assisti nessas duas semanas de muita correria e diversão. Gosto do Festival devido à diversidade de países que participam, preferindo me arriscar com filmes da África do Sul, Romênia e Sri Lanka a assistir os mais pops norte-americanos. Acabei não escapando muito deles, e ainda perdi Abraços partidos, de Pedro Almodóvar, que eu ansiava muito, e desisti de Bastardos inglórios, pela proximidade da estreia. Consegui assistir a dez deles, um verdadeiro recorde depois de alguns anos sem frequentar o festival com afinco. Tinha feito um esquema (como você confere abaixo) para assistir a uns vinte filmes, embora soubesse que nunca poderia dar conta de tudo, pela disponibilidade e pelo dinheiro - mas por que não sonhar, né? hehe
30/09 - O primeiro dia teve um saldo positivo. Assisti a um filme italiano escolhido em cima da hora, justamente por não ter conseguido chegar a tempo de conseguir um ingresso para o filme de Almodóvar. Trata-se de Trio de damas e hábitos nupciais (Tris di donne i abiti nuziale, Itália, 2009), que ganhou o último Festival de Veneza. O título é infeliz, e ainda deixa uma interpretação ambígua que pode ser esclarecida pela sinopse do filme. Franco Campanella é um homem casado, pai de Giovanni e Luisa e precisa comprar um vestido para a filha, cujo casamento se aproxima. Apesar de ser um marido e pai amoroso e trabalhador, Franco se vê quebrado por ter perdido tudo no pôquer. Não há muito mais a se destacar no filme, além de uma belíssima trilha sonora e da ótima atuação de Martina Gedeck, atriz poliglota que fez A vida dos outros. É um filminho básico de se ver, mas que não ousa muito na direção.
Saí de Botafogo correndo a tempo de ver O desinformante! (The informant, EUA, 2009) em Copacabana. Se no primeiro filme, o título deixa a desejar, neste os tradutores fizeram bem seu trabalho. Steven Soderbergh dirige Matt Damon - seu companheiro na trilogia Onze (Doze, Treze) homens - neste filme hilário, adaptação do livro The Informant: a true story, que, por sua vez, conta a história verídica de Mark Whitacre, empresário do alto escalão de uma agroindústria que se torna informante para o FBI. Ouvi muita gente dizer que talvez Matt Damon concorra ao Oscar pelo papel. Ele é versátil, concordo, tem talento para a comédia - vide cenas hilárias de Treze homens -, consegue sair da pele do enigmático matador Jason Bourne para engordar a ponto de vermos ali onde era um tanquinho uma obscena barriguinha, deixar crescer bigode e usar peruca para interpretar Whitacre. Matt Damon aqui está para a comédia como Julia Roberts está para o drama em Erin Brockovich, também do diretor. Soderbergh, que tem a segunda parte de Che também exibida no Festival, conduz a história com muito humor, embora eu ache difícil de ser acompanhada inicialmente devido à linguagem complexa das histórias inventadas pelo protagonista. Dou mais destaque às pérolas que Whitacre solta quando faz digressões em off, como quando fala da frase bomba-relógio. Outro ponto alto do filme é a trilha sonora, que me fez lembrar os seriados de espião, tipo Agente 86.
Nas próximas postagens descrevo os outros quatro dias de overdose de Festival do Rio. Continua...
Primeiro, não entendi a tradução ruim do filme italiano. Abiti não é hábitos, mas roupas. Aí, o título faz sentido. Bem, sobre o filme, Franco é um viciado e tem um quê de trapaceiro. Quer ganhar dinheiro facilmente, sem esforço. Na única vez que ele ganha no jogo, ele esconde da família e compra a passagem pra filha viajar. Acho que no fim, merecia um final feliz. Mas o cinema italiano, infelizmente, virou refém da tragédia. Finais felizes, como em Hollywood, são impossíveis.
ResponderExcluirSobre O Desinformante!, a gente já sabe de duas coisas antes de ver o filme. 1) É uma comédia. 2) Matt Damon não é confiável. A gente não sabe que trapalhada ele vai fazer, mas fará. Mas, para quem vir o filme, fica a dica de prestar atençao aos detalhes da vida de Mark, como os carros que dirige, quantos filhos tem, etc... Damon foi muito bem e passa a dose de simpatia, de ingenuidade que o personagem pede na dose certa.