quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A menina que adora livros (Livros: Parte 1)

Fui iniciada no hábito da leitura quando ainda nem sabia ler. Quando era criancinha, antes de completar 5 anos, meu pai lia para mim as revistinhas da turma da Mônica e eu ia acompanhando os quadrinhos e os desenhos. Com certeza Seu Maurício de Sousa influenciou muita gente. Lia e relia, e eu sempre queria saber mais sobre as histórias, sempre tinha curiosidade de saber sobre tudo, de ler sobre tudo. Quando finalmente - e para o alívio dos meus pais - aprendi a ler, devorava os gibis com uma fome voraz, passava a ler os livros didáticos pedidos no colégio para o ano letivo quando as aulas ainda nem tinham começado e por aí fui.


Foi nesse caminho que li O pequeno príncipe pela primeira vez, aos 8 anos, e comecei a devorar os livros infanto-juvenis. Minha família sempre teve o hábito de ler e de incentivar a leitura. Percebendo que eu gostava da coisa, minha tia acabou por me transformar numa seguidora de livros de suspense (ao mesmo tempo que me apresentava os Beatles). Ela me deu o primeiro de muitos do gênero: era um exemplar do Círculo do Livro de A perseguição, um infanto-juvenil de Sidney Sheldon. Gostei, e fiz coleção dos livros do autor. Concordo que Sidney Sheldon, como muitos escritores de suspense ou policiais, adota uma fórmula fixa em que apenas muda os nomes dos personagens, os lugares e os temas. O mesmo acontece com Dan Brown e seus Código DaVinci, Anjos e Demônios etc. Sei que alguns de vocês podem achar que esses livros são feitos para vender e não acrescentam em nada. Mas, sabe, suspense é um gênero que cativa o leitor, que faz querer saber o que vai acontecer, e isso faz com que ele queira sempre ler mais e mais. E lhe abre as portas para os outros gêneros.

Aconteceu isso comigo. Parti para outras praias: Vargas Llosa, García Márquez, Verissimo, Saramago, Eça, Castelo Branco, Camus... Romancistas que despertaram uma reflexão mais aprofundada da literatura, mais voltada para o comportamento e a psicologia humanos. Não que eu concorde com a distinção e a divisão que fazem entre a literatura dita clássica e a de massa. Para mim, é tudo literatura, tudo tem algo a acrescentar, a enriquecer o leitor. Todos os livros levam à criação e à reflexão.

Não por acaso gosto de trabalhar em editora, com revisão. Passo o dia lendo livros, lidando com eles. Leio de autoajuda e de psicoterapia à tragédia rodriguiana. A literatura deve estar em constante renovação e metamorfose. O autor e o leitor transformam-se existencialmente ao longo do percurso, é uma transmissão de ideias, de conhecimento. À originalidade artística do escritor deve corresponder a inventividade hermenêutica do leitor. Ler é interpretar, e interpretar é participar. No lugar da contemplação ociosa, ou até mesmo preguiçosa, deve haver uma participação ativa e passional. É como Bachelard diz, o livro é um "aparelho de indução psíquica", ou seja, desperta no leitor a tentação de se expressar criativamente.

Ele está certo. Não há coisa melhor que folhear, degustar cada palavra, construir cada personagem e mergulhar na invenção. Ler estimula a capacidade criativa, a facilidade da escrita, enriquece o vocabulário e, ainda por cima, entretém. Não há coisa melhor ainda que conversar sobre a viagem à terra da sensibilidade e da reflexão. É nesse cenário de paixão que me preparo para ir à Bienal do Livro, a mais rica feira dedicada a esses blocos de papel que tanto me fizeram sentir medo, rir, chorar, conhecer e me apaixonar por esse mundo.

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A Bienal vai acontecer entre 10 e 20 de setembro e abre às 9h nos dias úteis e 10h nos fins de semana. Para conferir a programção completa, acessem o site: http://www.bienaldolivro.com.br
Espero encontrar vocês lá!