segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Maratona de Filmes Parte II


02/10 - Gosto particularmente de filmes estrangeiros - leia-se não norte-americanos - por se aproximarem mais de produções independentes, sem muitos recursos financeiros e um roteiro bem amarrado e tenso. É o que acontece com Piquenique (Pescuit sportif, Romênia/França, 2008). O filme é curto, mas se estende pela sua tensão. O recurso da câmera tremida que faz as vezes de primeira pessoa é um tanto batido em filmes de suspense, como A bruxa de Blair tanto popularizou. Mas, a despeito do que os espectadores podem concluir a partir da sinopse, Piquenique não faz esse gênero. Mihai e Mihaela, um casal em crise, saem para passear e, no caminho, atropelam uma prostituta "acidentalmente", como se descobre logo depois. A mulher tem a ideia de escondê-la na floresta, com medo de represálias quando o crime viesse à tona. A partir daí, o casal e a prostituta embarcam numa situação cheia de segredos, emoções escondidas, discussões e desejos que beiram o experimentalismo. A crise da relação passa a uma crise de consciência, em que os envolvidos se encontram numa situação-limite e são obrigadas a deixar de lado seus princípios.

Logo em seguida fui ver Shirley Adams (Shirley Adams, África do Sul/EUA, 2009), um filme pra lá de arrastado que explora fortemente a fotografia e a expressão dos atores. Donovan ficou tetraplégico há um ano e sua mãe, Shirley Adams, luta sozinha - foi abandonada pelo marido quando ele não suportou a situação do filho - para manter a casa e cuidar do filho. Quando Tamsin, um estudante que faz trabalho voluntário no hospital da região chega a fim de ajudá-la com as tarefas, Shirley renova sua esperança em vez seu filho curado da depressão que o atormenta. No entanto, podemos perceber que os sentimentos e as emoções são delicadas e estão sempre à flor da pele, e independem da capacidade e da vontade de terceiros em superá-las. É um filme bonito, que explora a delicadeza das ações humanas e da solidariedade e, principalmente, o ilimitado amor de mão, mas, ao mesmo tempo, confere um ar de tragédia e estopor em tudo isso.

O último filme do dia foi O amor escondido (L'amour couché, França/Itália, 2007), também escolhido em cima da hora. O filme, de produção italiana mas falado em francês, conta com a atriz Isabelle Huppert, uma das francesas homenageadas do Festival, ao lado de Jeanne Moreau. Não posso dizer que se trata de um filme ruim: é extremamente arrastado e bate na mesma tecla inúmeras vezes. É a história de uma mulher internada numa clínica psiquiátrica depois de ter tentado cometer suicídio pela terceira vez. É um filme sobre a arte de amar. Danielle (Huppert), a protagonista, relata à psiquiatra suas maiores dificuldades decorrentes de uma gravidez indesejada e um casamento às pressas: a incapacidade de amar seu marido e, principalmente, a filha. O filme se pretende a um filme de arte, com várias digressões e fantasias, mas não consegue atingir este fim.

Continua...

Um comentário:

  1. Continuando os comentários...

    1) Piquenique é um filme tão louco que eu ainda não consegui processar as coisas. O casal com problemas sai para um dia perfeito no campo, para se resolverem. Até que atropelam a prostituta e a convidam para a passar o dia com eles. A "convidada" causa tido o tipo de intrigas e situações embaraçosas. Muito louco...

    2) Shirley Adams eu achei um filme pretensioso, besta, e MUITO MUITO MUITO chato. O filme é um monte de tragédias amontoadas. Um dramalhão sem pé nem cabeça. Horrível. A mulher larga o emprego porque o filho fica tetraplégico. Ela cuida sozinha do garoto porque o marido fugiu. Ela é orgulhosa e não aceita bem a ajuda dos outros. Mas o filme passa batido por isso, porque ela descobre quem atirou no filho. Aí, isso é interrompido e volta pro orgulho dela quando aparece a menina voluntária. Mas ela faz bem ao filho e Shirley aceita a garota em casa. Só que aí vem outra tragédia e essa situação é abandonada. Enfim, não tem história. Quer ter 15 histórias e não desenvolve nenhuma.

    3) Sobre O Amor Escondido, bem... é a história da mãe mais egoísta do mundo. A rivalidade entre mãe e filha é tão grande que uma passa a acreditar que todas as ações da outra são provocações. E a mãe se sente culpada e tal... E eu ainda achei a psiquiatra passiva demais, muito banana. Ela não faz nada! Não é um bom filme. Mas eu gostei da fotografia e da trilha sonora.

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